O clima geral do setor hoteleiro é de otimismo. Os representantes do setor apostam em um cenário econômico favorável para 2020, com aceleração no ritmo de crescimento do PIB, queda na taxa de juros e inflação controlada, de acordo com a última edição do Panorama da Hotelaria Brasileira, realizado pelo Hotel Invest com apoio do FOHB.
O desempenho da hotelaria em 2019 foi bem melhor do que o esperado, o que traz expectativas ainda maiores para o próximo ano. As estimativas finais é que vamos terminar o ano com crescimento de 10% no RevPar hoteleiro. No início de 2019, as projeções eram bem mais modestas, com aumento de 4,4% no indicador.
Pensando em um ano bom para o setor hoteleiro planejar bem seus gastos e investimentos, separei 4 mega tendências do mercado para você ficar de olho. Vamos lá!
1. Cresce a dependência pelo Google Hotel Search
Este foi um ano de mudanças para a mais nova plataforma de viagens online, o Google Travel. Foi inaugurado o Google Hotels, que ganhou uma página própria, aos moldes do Google Flights.
Desde 2018, os viajantes estadunidenses podem reservar diretamente pela Hotel Search, se estiverem comprando pelas OTAs Travelocity ou Agoda. Porém, essa funcionalidade ainda não chegou no Brasil.
Pode apostar que quando chegar, vai dar o que falar. Por enquanto, só é possível aparecer nos resultados a partir de anúncios, normalmente pagos pelas OTAs.
Já faz tempos que o Google tem evoluído constantemente o seu buscador para hotéis. Foram incluídos os filtros de busca, aluguéis de temporada e uma nova interface, melhor design e mais inteligente, do Google Maps.
Porém, a nova plataforma dá pouco ênfase às reservas diretas, a não ser que você esteja disposto a brigar com as OTAs, que possuem orçamentos bilionários para gastar com verbas no Hotel Ads.
Em 2020, a dominância do Google Travel vai crescer gradativamente entre os viajantes. Logo, a guerra por espaço em Ads vai ficar ainda mais acirrada, com as OTAs e grandes redes hoteleiras à frente dos lances para não perder tráfego.
A tendência é ficar ainda mais difícil para os sites dos hotéis receberem tráfego orgânico. Com toda uma lista de resultados pagos e do próprio Hotel Search, antes do orgânico, até os hotéis nas primeiras posições vão ter pouco retorno. Porém, existem algumas dicas de como competir com o orçamento de marketing das OTA’s.
2. União do setor de hotel e coworking
Os hotéis corporativos são um segmento importante na contribuição da receita total do setor hoteleiro nacional. De acordo com estudo da FOHB, “Impactos da Cadeia Hoteleira do Brasil”, 55% dos hóspedes são viajantes a negócios.
Esses hotéis estão aprendendo a se manter relevantes no setor, aplicando conceitos inovadores na sua gestão. Uma delas é a aproximação com o mercado de coworking. De acordo com reportagem da Exame, esses espaços de escritório compartilhados cresceram 500% nos últimos três anos.
Em março de 2019, vimos a parceria inédita da Rede Plaza com a marca UFO na criação do hotel coworking UFO Space Plaza São Rafael, em Porto Alegre.
“Um hotel sempre foi um HUB por natureza, conectando hóspedes de diferentes perfis e demandas com a cidade. Incorporamos, agora, a atuação colaborativa do coworking, oferecendo também ambientes corporativos e inúmeras possibilidades de conexão”, explicou o CEO do UFO, Walker Massa, em release à imprensa.
Em maio, outra rede a anunciar um empreendimento similar foi o Grupo Accor, que vai investir em 1,2 mil espaços de coworking nos seus hotéis ao redor do mundo, junto com a marca Wojo.
Esta é uma nova forma de pensar o espaço do hotel, como lugar de inovação e networking, para além da hospedagem tradicional. Ampliando as possibilidades, também se aumenta os possíveis pontos de receita extra para o empreendimento. A tendência no setor hoteleiro é que, cada vez mais, hotéis corporativos incorporem essas parcerias na sua operação.
Logo, juntar o coworking com a hotelaria é uma grande oportunidade para atrair o público de negócios que está viajando para a cidade, promovendo os próprios eventos ou disponibilizando salas de reuniões e conferências, sem que esse público precise se deslocar para um local de hospedagem.
3. LGPD no setor hoteleiro entra em vigor
Estamos na Era da Economia Digital, como bem colocou Manoel Cardoso, presidente da ABIH Nacional, em matéria do Panrotas. A internet possibilita a captura e armazenamento de um volume gigantesco de dados, independente se há um consentimento expresso ou não.
De acordo com artigo 5° da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), esses dados pessoais são toda e qualquer “informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável”.
Na prática, isso quer dizer que até mesmo a simples identificação, em um chat de atendimento, por exemplo, de nome e e-mail do viajante, entra no escopo da LGPD.
Dados pessoais é o petróleo da internet. Ao se ter em mãos o máximo de informações possíveis do viajante, é possível cruzar os diferentes dados para gerar informações estratégicas para o seu negócio, “para aumentar a eficiência na oferta de produtos e serviços customizados para estes, bem como gerar inteligência e conhecimento sobre eles”, explica Cardoso.
Vale lembrar que a lei normatiza o tratamento de dados pessoais do hóspede como, também, dos funcionários do hotel, sejam eles diretos ou terceirizados.
Em artigo da JusBrasil, é considerado algumas tarefas comuns na hotelaria que envolvem o tratamento de dados pessoais do hóspede, que podem ser submetidos à LGPD, como:
- Transferência de dados do hóspede entre OTA e hotel;
- Preenchimento da FNRH, seja físico ou digital;
- Abastecimento de informações nos sistemas hoteleiros (reserva, CRM, etc);
- Criação de listas de e-mail para marketing;
- Transferência de dados do hóspede para o MTur.
Esses são alguns exemplos básicos de uso de dados do usuário no ambiente digital. Esse tipo de prática pode ser essencial e prosaica, mas tem seus perigos.
Um caso emblemático foi o vazamentos de dados dos cartões de pagamento e número de passaporte de mais de 380 milhões de hóspedes da Starwood, após aquisição pela rede hoteleira Marriott.
Por isso, a LGPD, que entra em vigor em agosto de 2020, busca, justamente, regular o usos desses dados e os níveis de segurança em seu tratamento, para garantir a privacidade, segurança e direito do viajante na internet.
Personalização é uma tendência no setor hoteleiro, mas terá que ser feita com cuidado e respeitando as novas normas.
Ainda, Maurício Rotta, advogado especializado em LGPD, compartilhou aqui no Ask Insights os 5 principais cuidados que hoteleiros devem tomar ao se adequar a lei geral de proteção de dados!
4. Crescimento no número de turistas estrangeiros no Brasil
O Brasil é o 5° país com maior contribuição do turismo ao PIB nacional (Panrotas). No entanto, a participação internacional é praticamente mínima, já que as viagens domésticas equivalem a cerca de 90% do total de desembarque de passageiros, de acordo com estatísticas do Ministério do Turismo.
Porém, a expectativa do setor é que a entrada de turistas estrangeiros aumente, por mais que as discussões estejam divididas entre projeções otimistas e neutras.
Além da entrada, outro indicador importante é o gasto dos viajantes. De acordo com a FOHB, os gastos de turistas estrangeiros no Brasil cresceu 10,6% em 2018, e a tendência é que aumente 6,4% anualmente, até 2027.
Por mais que o crescimento no número de estrangeiros no Brasil seja menor que nos países vizinhos, ainda está aumentando.
De acordo com matéria da Veja, no primeiro semestre de 2019, o número de americanos foi 21,6% maior, após o fim da exigência de vistos para viajantes dos países estratégicos para a política nacional.
As projeções do governo federal também são otimistas. A meta da Embratur é dobrar o número de visitas estrangeiras até 2022.
Além da Argentina, que é, de longe, o principal país de origem dos turistas estrangeiros, com 2.498.483 entradas em 2018, os outros cinco países da lista são:
A verdade é que o setor hoteleiro tem grande potencial de vendas para outros mercados externos, que não os TOP 5 países com maior vinda de turistas estrangeiros no Brasil. Além destes, outros países de grande potencial, na mira das políticas nacionais, são o Canadá, Japão, Austrália e China.
Para a própria sobrevivência do setor, a saída será segmentar melhor as campanhas de marketing para atingir mercados estratégicos.
A presença dos meios de hospedagens na internet não pode se limitar geograficamente, podendo se personalizar para visitantes de qualquer outro país. Porém, poucos são os hotéis que fazem o básico, como traduzir o site em outras línguas, de preferência o inglês e espanhol e se adaptar ao atendimento multilíngue, também é uma grande dificuldade dos gestores.
Planejamento do setor hoteleiro para 2020
Ao que tudo indica, 2020 será um bom ano para a hotelaria nacional. São muitas as oportunidades e desafios da gestão hoteleira, seja em marketing, vendas ou atendimento.
É com um bom planejamento e olhar crítico sobre a operação do hotel, junto com o apoio de ferramentas online e soluções de tecnologia, que você vai alcançar o melhor resultado de forma fácil. ?
Quais outras tendências no setor hoteleiro você observou este ano, que vão bombar em 2020? Deixe seu comentário e compartilhe esse artigo!